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Crianças índigo e cristal

 De forma geral, o termo “criança índigo e cristal” é utilizado para descrever crianças que a parapsicologia acredita serem especiais. Defensores dessa crença dizem que os "índigos", também conhecidos como “crianças cristais”, fazem parte de uma nova geração que possui algumas habilidades especiais. Estes pequenos, segundo tais conhecimentos, têm por objetivo a implantação de uma "nova era" dentro da Humanidade. Assim, neste artigo falaremos mais sobre este assunto com diversos desdobramentos. 

Com origem com a parapsicóloga, sinesteta e psíquica Nancy Ann Tappe, a nomenclatura “criança índigo”, surgiu em meados dos anos 70. Para explicar mais sobre o conceito, a sensitiva publicou, em 1982 o livro “Entendendo Sua Vida Através da Cor”. Nele, ela descreveu detalhes e afirmações sobre as crianças índigo e cristais. Segundo a obra, foi por volta dos anos 60 que Tappe começou a perceber que muitas crianças nasciam com suas auras “índigas”. Nelas, segundo a autora, a aura tem predominância da cor azul índigo. Já em 1998, a ideia foi popularizada com o lançamento do livro “As Crianças índigo: As novas crianças chegaram”, escrito por Lee Carroll e Jan Tober. Mas foi no ano de 2002, no Havaí, que ocorreu uma conferência internacional sobre crianças índigos. Cerca de 600 participantes estiveram presentes para esse grande evento da área.  

A partir de então, diversos outros eventos vieram sendo realizados com o passar dos anos. Estas conferências ocorreram na Flórida e em Oregon. Filmes e documentários sobre o assunto também foram produzidos a partir disso. O cenário, de fato, estava mais aberto a observar e debater o tema com a sociedade em geral. Em contraposição a esta enxurrada de conteúdos produzidos, Sarah Whedon W. escreveu um artigo. Datado de 2009, no material ela acusa pais de rotular seus filhos como “índigo” e “cristal”. Neste intuito, segundo ela, eles estariam utilizando-se do termo para justificar o comportamento indevido de seus filhos. Em vários casos, diagnosticados, inclusive, como crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).  

O psicólogo Russell Barkley explica que as terminologias Índigo e Cristal são oriundas do movimento Nova Era. Segundo ele, evidências empíricas da existência de tais crianças ainda não foram produzidas. Afinal, para ele, as características descritas são muito vagas. Especialistas em saúde mental também demonstraram preocupação. Eles estariam preocupados por rotular uma criança como “índigo ou Cristal”, já que diversas vezes isso não as ajuda de fato. Inclusive, visto como uma negação, o comportamento tende a retardar o diagnóstico e tratamento adequado que poderia ajudar a criança. O professor de especialização na educação de crianças com altas habilidades, Nick Colangelo, faz questionamentos sobre o tema. Nas suas perguntas, buscava saber quem lucrava com estas terminologias, já que muitos livros, apresentações e vídeos vinham sendo comercializados com esse assunto. Consideradas com dons especiais e até mesmo sobrenaturais, crianças índigo e cristais são crianças que possuem altas habilidades. A ideia que se forma é de que são curiosos e de temperamento forte. Além disto, são vistas como independentes e muitas vezes como “estranhos”, por amigos e familiares. Por apresentarem uma forte espiritualidade inata, também recebem esta nomenclatura. Mesmo que não tenham, de fato, interesse direto em áreas espirituais e religiosas.  

As consideradas crianças índigos e cristais possuem ainda um alto quociente de inteligência e grande capacidade de intuição. Demonstram também resistência a regras rígidas e tentativa de controle. Todavia elas costumam, segundo Tober e Caroll, apresentar bons resultados em escolas convencionais. Ao que tudo indica, são mais e visivelmente inteligentes devido à sua rejeição a autoridade rígida. Alguns estudiosos dizem ainda que são crianças mais maduras espiritualmente que os próprios professores.  

Tober e Caroll criticam ainda o uso de medicações para estas crianças. Vistas por alguns como índigos e cristais, e pela comunidade escolar com crianças com TDAH, a educação domiciliar acaba sendo uma alternativa comumente adotadas. Conforme Doreen Virtue, tratam-se de crianças criativas. Para ele, apresentam dom musical, facilidade para poesia, criatividade na confecção de objetos, e muito mais. Mas estas crianças apresentam também pontos mais delicados. São propensos a vícios, algumas possuem histórico de depressão, pensamentos suicidas e oscilação na autoestima. Crianças Cristal são crianças que têm uma consciência universal. Coletivas, ou não individualistas, são preocupadas com o próximo. Algumas crianças observadas apresentam o dom da telepatia ou desenvolvem a fala em período diferente das demais. Conforme Doreen Virtue, por conta da sua capacidade de comunicação telepática, são, muitas vezes, rotuladas como “lentas” ou “autistas”. 

Carinhosas e interessadas em cristais e pedras, são denominadas crianças arco-íris por apresentarem uma aura colorida e visível para algumas pessoas, segundo relatos. Acredita-se que as primeiras Crianças Cristal tenham nascido por volta do ano 2000. Todavia nenhum estudo científico comprova sua existência. Ainda que sejam considerados os prontos sobre como tratar de crianças inteligentes e criativas, este processo de adaptação não é tão simples. Profissionais que atuam no aconselhamento de pais de crianças neste perfil, têm dificuldade de encontrar a escola ideal. Por isso, alguns pontos precisam ser questionados e pensados em relação à instituição para garantir a melhor solução para isso, como por exemplo: 

  • Quais as adaptações que os dirigentes estão fazendo para receber as novas gerações?  

  • Como os educadores estão se preparando emocionalmente para trabalhar com tanta diversidade de comportamento? 

  • Como eles lidam com a inteligência estonteante destas crianças?  

  • Será que estão realmente ouvindo os familiares destas crianças?  

  • Será que rotulam como “criança problema, mimada, rebelde, teimosa”, preferindo que nem permaneçam na escola? 

Além de pensar sobre tudo isso junto da instituição de ensino, é preciso que os pais e responsáveis destas crianças observem como se referem a elas nos ambientes. Crianças que ouvem a mesma história ser repetida a respeito delas, tendem a associar-se a esses rótulos e a tirar conclusões sobre a própria identidade. A narrativa vira, portanto, a história de vida delas, e é muito difícil fazer com que esqueçam disso mais tarde.



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